Democracia Corintiana é o ponto de partida de documentário em fase de produção


Fábio Juppa


Os riffs de guitarra da introdução de "Inútil", do Ultraje a Rigor, misturados à narração original de Osmar Santos reavivam com toda força no espectador a emoção do gol de Sócrates que decidiu o Campeonato Paulista de 1983. Mas futebol é apenas um dos vértices do triângulo que deu origem à "Democracia em preto e branco". Em fase de produção, a ideia do filme é explorar, com olhar pontual sobre a "Democracia Corintiana", a convergência deste com outros movimentos, o nascimento do Rock Brasil e as Diretas Já, detonadores da efervescência da primeira metade dos anos 80, quando tudo no país era uma questão de política, música e, claro, futebol. 

- O ponto de partida foi a Democracia no Corinthians, onde se tinha poder de escolha quando todo mundo lutava por isso - explica o diretor e produtor Pedro Asbeg, que tem a parceria de Gustavo Gama na empreitada. - A história era forte, não dava para descontextualizar do que acontecia no restante do Brasil. 

Filho do cineasta José Carlos Asbeg, diretor de "1958, o ano em que o mundo descobriu o Brasil", que narra a saga do primeiro título mundial da seleção, em campos suecos, Pedro sempre foi um apaixonado por cinema e futebol. Rubro-negro fanático, para unir o útil ao agradável ele fundou a "Raça Filmes", pela qual produziu vários curtas. São dele "Rondinelli, o Deus da Raça", "Caçador de Marajás", sobre o ex-atacante Bujica, que veio ao Rio com tudo pago por um grupo de amigos, revisitou a Gávea e ganhou até bolo de aniversário, e "Dogão Calabresa", que mostra o que acontece do lado de fora de um estádio em dia de jogo, filmado nos arredores do Morumbi no dia da final do Campeonato Brasileiro de 2002, entre Santos e Corinthians, aquele das pedaladas de Robinho. Agora, Pedro quer levar para a telona uma história recheada de casos inimagináveis no futebol de hoje. 

- No Corinthians, votava-se tudo, desde a contratação de um jogador, como aconteceu com o Leão, até se a delegação pararia na estrada para jantar ou seguiria para São Paulo após um jogo de meio de semana no interior. A democracia corintiana foi algo fantástico - diz. 

Por enquanto, somente a primeira fase do projeto foi concluída e deu origem a um trailer de quatro minutos, com muitos gols, música e imagens de comícios que na época reuniram figuras proeminentes da cultura, do esporte e da política na luta pela aprovação da emenda Dante de Oliveira, por eleições diretas para presidente. A segunda rodada de entrevistas e a edição final, no entanto, terão de esperar. Por se tratar de uma produção independente, Pedro está à procura de investidores que lhe possibilitem concluir o filme. Toda a primeira fase, que incluiu ida a São Paulo e contratação de uma equipe para gravar depoimentos de personagens como Sócrates, Casagrande e o roqueiro Roger Moreira, foi bancado do próprio bolso por Pedro. 

Como, além dos custos de produção, a montagem depende de imagens de arquivo, cujo minuto custa, em média, R$ 2,5 mil, a saída foi inscrever "Democracia em preto e branco" num site que abriga projetos de financiamento coletivo ( www.incentivador.com.br ). 

Pedro precisa de R$ 20 mil em até 90 dias, prazo permitido para exposição do projeto no site. Já se passaram 12 e ele arrecadou R$ 4.655,00:
- O dinheiro só sai da conta do investidor caso a soma necessária seja alcançada. Aqueles que contribuírem têm contrapartida do projeto. Está tudo no site. 

Fábio Juppa

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